Era aquele adulto
No corpo de criança

Já havia aprendido a chorar
Já sabia o gosto da dor
Na taça da vida o provar
No dia a dia o rancor
Cresceu antes de acompanhar
A geração que não tinha pudor
Se trancou num cubo sem ar
A doença o tomou de favor

Abandonou seu estilo criança
Tem barba na cara, olhar de esperança
Luta pela vida como a vida luta por ele
Como gente grande enfrenta essa rede
Tem medo de não chegar ao fim
Reaprendeu a chorar
E chora quando cai a noite, sai o dia ou um fantasma arrepiar
Tem medo de escuro, só quer gritar
Volta a brincar e pular
A infância desde criança
Que vive agora
Num corpo de adulto
Procura uns braços pra apenas descansar

03/07/01